O empoderamento feminino na tecnologia leva a um desenvolvimento digital mais bem-sucedido

Equipo Laboratoria
Posted by Equipo Laboratoria on Feb 15, 2022 10:07:25 AM

Em qualquer negócio ou setor, a diversidade de talento humano será sempre um pilar de inovação. Especialmente  no setor de tecnologia, essa pluralidade busca moldar uma economia digital mais inclusiva e competitiva que abre oportunidades para que todos desenvolvam seu potencial, transformando o futuro de negócios, setores e comunidades por meio da inovação. E nessa diversidade, a visão e o talento de nós mulheres é essencial.

O crescimento acelerado do setor e uma visão cada vez menos estigmatizada dos papéis sociais de cada gênero, têm permitido às mulheres um importante avanço profissional dentro do mundo tecnológico.

Para as empresas, buscar essa igualdade de gênero não deve ser apenas uma questão de fazer o certo ou de legitimar a luta das mulheres para melhorar seus espaços de trabalho, é necessário que haja o entendimento de que essas ações têm retornos econômicos relevantes. De acordo com um estudo realizado pela UNESCO, a falta de participação feminina na inovação tecnológica pode causar perdas multimilionárias na economia mundial e, ao contrário, se a lacuna for reduzida, o PIB, especialmente em regiões como a América Latina, aumentaria até 4%.

Da mesma forma, no relatório The Future of Technology: Female Inclusion realizado pelo BID Lab em conjunto com a Laboratória, vemos que  empresas com mais de 40% de mulheres em suas equipes são 21% mais propensas a apresentarem um alto rendimento em comparação com aquelas com menos de 5%. 

Além disso, a participação feminina aumenta notavelmente a inovação, principalmente no desenvolvimento de software e design de produto. Empresas com mais equidade apresentam mais colaboração, comprometimento e autonomia. As empresas que têm um ambiente de trabalho mais plural obtêm até 17% mais lucros em comparação com empresas que não têm, segundo a Laboratória e o BID Lab.

Os espaços para receber mulheres dentro da indústria de tecnologia foram abertos, principalmente, devido à grande demanda decorrente da aceleração digital. As empresas perceberam a falta de talento feminino em suas equipes, e por isso é essencial que mais mulheres conheçam e se interessem pelas profissões e atividades relacionadas à tecnologia.

Segundo a UNESCO, apenas 3 em cada 10 mulheres no mundo estudam carreiras STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), número que cai para 8% nas carreiras de Engenharia e 3% nas relacionadas à Tecnologia da Informação e, infelizmente, dessas graduadas, menos de 10% conseguem encontrar emprego na indústria.

Algum dos principais motivos pelos quais o número de mulheres no setor de tecnologia segue sendo baixo:

  • Papéis de gênero: o campo STEM continua sendo percebido como área masculina, e as habilidades tecnológicas são social e culturalmente definidas como pertencentes ao gênero masculino, enquanto as habilidades sociais continuam pertencendo às mulheres. A mudança de perspectiva gera nas mulheres desconforto e medo.
  • Barreiras educacionais: Sabe-se que os níveis de escolaridade alcançados pelos homens costumam ser superiores aos das mulheres, devido aos papéis econômicos e sociais.
  • Escassez de referências femininas: quando se fala em tecnologia, a maioria das referências que vêm à mente são masculinas. A baixa visibilidade das mulheres na indústria de tecnologia significa que as meninas têm poucos modelos femininos nessa área. A visibilidade histórica que os homens têm, supera em muito a das figuras femininas, o que significa que poucas mulheres se verão na tecnologia no futuro.
  • Viés de recrutamento: casos de viés arbitrário em processos de recrutamento foram identificados, por exemplo, quando uma grande empresa de tecnologia precisou   retirar um software de recrutamento que discriminava candidatas do sexo feminino. O sistema de Inteligência Artificial mostrou que os perfis dos candidatos eram predominantemente masculinos. Por isso, também é fundamental ter sistemas de recrutamento atualizados que integrem todos os perfis e não sejam tendenciosos.

Depois de analisar essas causas, fica claro que, para aumentar a presença das mulheres na indústria de tecnologia será necessário continuar trabalhando com o objetivo de fazer com que mais meninas se interessem por essas profissões, mostrando-lhes modelos positivos e dando-lhes liberdade para escolher um caminho para o mundo da tecnologia.

As empresas, em especial, têm a oportunidade e a responsabilidade de enfrentar esse desafio com ações que favoreçam a formação de talentos, o acesso e permanência de mulheres em suas equipes de tecnologia, além  do desenvolvimento de lideranças que valorizem a inclusão e a diversidade a partir de um compromisso profundo. Para isso, propõe-se que as empresas e organizações que buscam desenvolver o talento feminino em suas equipes de tecnologia adotem 5 recomendações específicas:

  1. Comprometer-se com a diversidade e a inclusão;

  2. Colaborar e construir pontes para que mais mulheres tenham acesso ao treinamento em tecnologia;

  3. Garantir processos de recrutamento inclusivos e sem preconceitos;

  4. Gerar estruturas de trabalho inclusivas onde as pessoas possam se desenvolver e crescer;

  5. Transformar dados em ações.

O momento em que vivemos hoje mostrou o quão urgente é acompanhar a revolução digital, e essa revolução não acontecerá sem a participação ativa das mulheres. Na economia digital, o setor de tecnologia é um local de trabalho bem remunerado para todos e, para as mulheres, ter essas oportunidades resultará em empoderamento econômico e crescimento na carreira. Soma-se a esse impacto individual a oportunidade das mulheres se tornarem agentes transformadoras, desenhando novos modos de vida e revolucionando o mundo.

A inclusão das mulheres na economia digital também deve ser guiada pela ideia de que, ao transformar o setor, elas não beneficiam apenas as empresas, mas também contribuem para reduzir a desigualdade social e promover o desenvolvimento econômico na América Latina.

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Topics: Diversidade e inclusão, Women in tech, Mulheres na tecnologia, Brazil

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