Dois aprendizados importantes ao recrutar talentos em tecnologia

Daniela Gaitán
Posted by Daniela Gaitán on May 16, 2022 10:31:07 AM

É uma realidade que o talento técnico é escasso e isso ficou ainda mais visível na pandemia, com a necessidade de transformação digital das empresas.

O Indeed realizou uma pesquisa com mais de 1.000 recrutadores e gerentes de contratação e os resultados mostraram que 9 em cada 10 pessoas acham que é um desafio encontrar e contratar talentos técnicos. Além disso, 83% disseram que a escassez de talentos em tecnologia afetou seus negócios de alguma forma, seja por perda de receita, desenvolvimento lento de produtos de tecnologia ou aumento de burnout  dos funcionários.

Você se identifica com esses números? Posso imaginar que a resposta seja sim, pois o recrutamento, principalmente de talentos tecnológicos, cresceu de forma significativa e atualmente há muita demanda, o que muitas vezes supera a oferta disponível. Isso só se tornou mais complexo com o surgimento do trabalho remoto, a digitalização e o surgimento de empresas de tecnologia.

Na Laboratória também nos deparamos com este problema. 27% da nossa organização é composta por coaches, eles são o coração dos nossos bootcamps e são eles que têm a importante tarefa de orientar e apoiar o desenvolvimento das alunas que frequentam o bootcamp na Laboratória, dando-lhes feedback regularmente e acompanhando-as em seu processo de aprendizagem.

Os coaches não são apenas desenvolvedores web, com experiência em trabalhar e codificar com JavaScript, mas pessoas apaixonadas por compartilhar seus conhecimentos e inspirar alunas. Este é um perfil muito particular e, portanto, difícil de encontrar, como a grande maioria dos cargos técnicos. 

Com isso em mente, decidimos montar um squad de trabalho para enfrentar esse problema sob outra perspectiva, desaprendendo a forma como fazíamos anteriormente. Muitas vezes acreditamos que há apenas uma maneira de recrutar, que é algo escrito em pedra e que devemos seguir cada passo à risca, como um livro de receitas para encontrar o talento que procuramos. No entanto, algo que aprendemos é que o recrutamento, como outros produtos e serviços, deve estar em melhoria contínua, deve ser adaptado e devemos mudar quantas vezes for necessário.

A seguir, queremos compartilhar duas importantes mudanças que incorporamos em nossos processos e que gradativamente nos permitiram ter melhores resultados.

Mentalidade: “estamos sempre contratando”

Optamos por ter uma mentalidade de contratação constante, o que significa que sempre temos vagas abertas para aproveitar todas as oportunidades de nos conectarmos com talentos de tecnologia quando houver necessidade.

Para ter um grupo interessante de pessoas quando uma nova posição aparece na equipe, não basta esperar passivamente que o peixe morda a isca, é preciso ir caçar também e mapear os talentos disponíveis em todos os lugares possíveis.

Além de ter essa mentalidade, estamos abertos a considerar candidatos com diversos interesses e necessidades: algumas pessoas estão interessadas em uma função em tempo integral, outras em meio período e algumas pessoas estão interessadas em colaborar por horas. Tentamos ser muito abertos na discussão de cada caso para encontrar o meio termo entre o que o solicitante deseja e as necessidades da Laboratória.

Estágio probatório

Incorporamos em nosso processo de recrutamento uma etapa final que chamamos, de forma pouco criativa, de estágio probatório. Como o próprio nome sugere, o período experimental consiste no momento em que convidamos o candidato a viver a experiência de aprendizagem, cultura e metodologia de trabalho da  Laboratória. Queremos que os candidatos tenham a oportunidade de vivenciar, em campo, a função de coach na Laboratória.

Nesse período, que dura quatro semanas, buscamos conhecer melhor o candidato, vê-lo em campo, observar sua capacidade de aprender e se adaptar ao nosso modelo de aprendizagem e também sua afinidade (match) com a cultura da Laboratória. Também queremos que eles nos conheçam, percebam se a função atende às suas necessidades e interesses, e assim juntos identificamos se a Laboratória é a melhor alternativa.

Adicionamos esta etapa ao processo por acreditarmos que a melhor forma de compreender plenamente as responsabilidades da função e nossa metodologia é praticando.. Na Laboratória as alunas aprendem de uma forma muito diferente da maioria das instituições que conhecemos e é um papel bastante singular. Estamos convencidos de que é importante aproveitar essas semanas antes de nos comprometermos 100%, tanto com os candidatos quanto com a equipe da Laboratória.

Ainda temos um longo caminho a percorrer, mas os resultados até agora têm sido bastante positivos e nos permitiram atrair mais pessoas e perfis mais diversos.

Sabemos que contratar talentos de tecnologia hoje é difícil, mas vital. Se continuarmos com os mesmos esforços ou seguindo as estratégias convencionais de recrutamento ao pé da letra, o mais provável é que continuemos a ter os mesmos resultados. Mas o desafio não termina aí, pois é igualmente importante continuar trabalhando na criação de uma cultura e de um ambiente de trabalho que permita que esses perfis cresçam e se potencializem.

Topics: Talento tecnológico, Perfis Profissionais, Mulheres na tecnologia, Roles IT

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