A inclusão de mulheres na tecnologia é crucial para garantir a diversidade e a representatividade no setor.
Esse é um campo que influencia diretamente a vida cotidiana e a sociedade como um todo, e é importante que as soluções tecnológicas reflitam as diferentes perspectivas e necessidades de todos os grupos sociais.
A importância das mulheres na tecnologia está no fato de que, com mulheres, é possível ampliar a visão na criação de produtos e serviços tecnológicos.
Além disso, a inclusão de mulheres na tecnologia ajuda a promover a igualdade de gênero e a combater a discriminação. A tecnologia ainda é um campo dominado por homens, e isso pode afastar mulheres da área, mesmo que tenham interesse.
Ao incluir mais mulheres na tecnologia, é possível ajudar a mudar essa dinâmica e criar um ambiente de trabalho mais inclusivo e diverso.
O cenário atual da tecnologia é dominado por homens. Mas, nos dados, há um ponto positivo: segundo dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), nos últimos cinco anos (2015-2022), o aumento da participação feminina foi de 60% no setor de tecnologia.
A questão é que apesar do cenário de crescimento das mulheres no setor, a visão geral ainda é negativa. 83,3% do mercado é composto por homens, enquanto as mulheres ocupam apenas 12,3% dos cargos de tecnologia.
Quando se considera carreiras como full-stack, infraestrutura e back-end, a desigualdade é ainda maior: 10 homens para cada 1 mulher. Esses dados são da pesquisa feita pela Revelo.
Os desafios das mulheres na área de tecnologia são muitos. Desde a falta de representatividade até autocobrança e síndrome de impostora. Entenda melhor cada um deles.
As disparidades salariais entre os gêneros feminino e masculino não se limitam apenas a um setor específico, mas também têm um impacto negativo na relação das mulheres com a tecnologia. No entanto, as mulheres que trabalham em tecnologia enfrentam desafios adicionais: estão em um ambiente que sempre foi excludente para elas.
Apesar da estar em queda até 2020, a diferença salarial atingiu 22% em 2022, o que representa um crescimento, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em outras palavras, essa diferença na remuneração significa que uma brasileira recebe, em média, 78% do que ganha um homem. E isso vale mesmo quando as mulheres são mais escolarizadas.
Em São Paulo, a Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), descobriu que, mesmo mais escolarizadas, o rendimento das mulheres não negras por hora é de R$ 22,09; enquanto os homens não-negros recebem R$ 27,15.
Quando se compara o salário das mulheres negras, a diferença é ainda maior. Ele é R$13,86 por hora — o que representa metade do que os homens não-negros recebem, sendo um pouco menos do que os homens negros ganham, que é R$ 15,65.
As mulheres em tech são frequentemente sub-representadas em posições de liderança e em áreas técnicas. Como não se veem, isso reflete negativamente para o interesse de mulheres pela área.
A falta de representatividade também pode contribuir para a perpetuação de estereótipos de gênero, ou seja, a ideia de que mulheres e tecnologia não combinam e elas não são preparadas para ocupar esses cargos.
Ambientes apenas com homens também podem ser desestimuladores. Lidiane Jannke, especialista em SEO técnico, vivenciou isso.
"Na primeira oportunidade como analista de TI, tive promessas de crescimento, mas os líderes contratados eram exclusivamente masculinos. Ali descobri minha paixão pela tecnologia, mas estava no lugar errado."
Depois de ir para outra empresa, com maior participação feminina, ela sentiu a diferença: "estar em uma empresa que apoia a presença de mulheres na liderança e na TI foi fundamental para meu crescimento."
As mulheres muitas vezes enfrentam discriminação e estereótipos de gênero em ambientes de trabalho dominados por homens. Como efeito, elas se sentem desvalorizadas e não respeitadas.
Além disso, pessoas do gênero feminino também podem ser submetidas a comportamentos inadequados, como assédio sexual, intimidação e discriminação de gênero.
O preconceito também pode afetar a progressão na carreira das mulheres na área de tecnologia. As mulheres podem ser subestimadas e ter suas habilidades e conhecimentos questionados devido a estereótipos de gênero.
Lidiane lembra que, ao compartilhar uma conquista como Desenvolvedora SEO no Linkedin, vários desenvolvedores comentam com menosprezo a publicação. "Descobri a mais dura realidade do mercado de trabalho."
Em ambientes profissionais, isso pode levar a uma falta de reconhecimento e oportunidades de desenvolvimento profissional, além de uma perda de autoconfiança e autoestima.
Por fim, entre os desafios das mulheres na área de tecnologia, está a autocobrança excessiva e a síndrome de impostora.
A síndrome de impostora é uma crença irracional de que as conquistas de uma pessoa são resultados do acaso ou da sorte, em vez de suas próprias habilidades e méritos.
A autocobrança excessiva pode levar as mulheres a se sentirem sobrecarregadas e pressionadas para atender a padrões inalcançáveis.
Muitas mulheres na área de tecnologia sofrem dessa síndrome, o que pode afetar sua autoconfiança e autoestima. Isso leva as mulheres a duvidarem de suas habilidades e talentos, o que pode levar a uma falta de reconhecimento e progressão na carreira.
Existem várias maneiras de aproximar mulheres e tecnologia, assim, tornando o setor mais diversificado e inclusivo. Aqui estão algumas abordagens que podem ajudar a alcançar esse objetivo:
Durante a pandemia, em 2020, a busca por profissionais de TI cresceu mais de 600%. Entre as áreas de TI e dados que merecem destaque, estão:
Para Lidiane, o termo “mulher na Tecnologia” ainda é um tabu em inúmeras empresas que classificam candidatos pelo gênero como pré-classificação.
"Como especialista na área de Tecnologia em SEO, tenho o objetivo de estimular a voz de mulheres sensacionais que se ocultam no mercado com uma capacidade fantástica de liderar e desenvolver-se na TI."
Assim como ela, muitas mulheres, no passado, foram além e se permitiram criar no centro de tecnologia em um cenário ainda mais fechado. Conheça algumas delas.
Um dos nomes mais conhecidos quando o assunto é mulher na tecnologia, Ada Lovelace foi uma das pioneiras.
Muito antes do computador e em um tempo que mulheres na universidade não era possível, já descrevia operações lógicas de uma máquina e publica artigos que trabalhavam o processamento da informação.
Além de atriz, Hedy Lamarr teve uma significativa contribuição tecnológica na Segunda Guerra Mundial.
Junto com George Antheil, ela elaborou um sistema de comunicações para as Forças Armadas dos Estados Unidos — isso ia servir de base para a atual telefonia celular.
Mary Jackson estudou matemática e física e teve destaque na Nasa. Para continuar atuando na agência, teve que cursar engenharia. Isso fez dela a primeira mulher negra engenheira da Nasa. Estudava o limite de ar em torno de aviões e túneis de vento.
É um dos nomes que inspirou o filme "Estrelas Além do Tempo".
Carol Shaw foi a primeira mulher na tecnologia especificamente de designer de games. Atuava como engenheira de software no projeto Atari Basic Reference Manual. Também criou o jogo River Raid, além de Happy Trails, Video Checkers, 3-D Tic-Tac-Toe — entre vários outros.
Fonte:https://www.cnnbrasil.com.br/tecnologia/mulheres-na-tecnologia/